sábado, 31 de janeiro de 2009

ODOR DI FEMINA - Gonçalves Crespo


Era austero; não havia frade mais exemplar nesse convento;
no seu cavado rosto macilento
um poema de lágrimas se lia.

Uma vez que na extensa livraria
folheava o triste um livro pardacento,
viram-no desmair, cair do assento,
convulso, e torvo sobre a laje fria.

De que morrera o venerando frade?
Em vão busco as origens da verdade,
ninguém má disse, explique-a quem puder.

Consta que um bibliófilo comprara
o livro estranho e que, ao abri-lo, achara
uns dourados cabelos de mulher.

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