terça-feira, 14 de julho de 2009

ROSA DOS VENTOS - Chico Buarque



E do amor gritou-se o escândalo
Do medo criou-se o trágico
No rosto pintou-se o pálido
E não rolou uma lágrima
Nem uma lástima para socorrer
E na gente deu o hábito
De caminhar pelas trevas
De murmurar entre as pregas
De tirar leite das pedras
De ver o tempo correr
Mas sob o sono dos séculos
Amanheceu o espetáculo
Como uma chuva de pétalas
Como se o céu vendo as penas
Morresse de pena
E chovesse o perdão
E a prudência dos sábios
Nem ousou conter nos lábios
O sorriso e a paixão

Pois transbordando de flores
A calma dos lagos zangou-se
A rosa-dos-ventos danou-se
O leito do rio fartou-se
E inundou de água doce
A amargura do mar
Numa enchente amazônica
Numa explosão atlântica
E a multidão vendo em pânico
E a multidão vendo atônita
Ainda que tarde
O seu despertar

3 comentários:

  1. OI AMEI SUAS VISITAS NO MEU BLOG!!!!
    VEJO QUE TB GOSTA DE POESIAS, VC CONHECEU MEU BLOG DE POESIAS?
    BJOKAS.

    WWW.POESIASPINK.BLOGSPOT.COM

    BJOKAS!!!

    ResponderExcluir
  2. Oi, Kyria!!!

    Obrigada pelas constantes visitas e comentários no Blog'Arte!!! São o incentivo para estar sempre buscando coisas novas!!
    Adoro as letras de Chico Buarque. Ouço-o desde pequenina... Minha mãe adora!
    Beijins!!

    ResponderExcluir

Obrigada por deixar o seu jeito.