domingo, 23 de agosto de 2009

SOLIDARIEDADE NÃO TEM PREÇO


UMA HISTÓRIA DE PLÁCIDO DOMINGO QUE QUIÇÁ POUCOS CONHECEM

Refere-se a dois dos três tenores — Luciano Pavarotti, Plácido Domingo e José Carreras — que emocionaram o mundo cantando juntos.
Mesmo aqueles que nunca visitaram Espanha, conhecem a rivalidade existente entre catalães e madrilenhos, já que os catalães lutam por sua autonomia numa Espanha dominada por Madri.
Pois bem, Plácido Domingo é madrilenho e José Carreras é catalão e, por questões políticas, 1984, Carreras e Domingo se inimistaram. Sempre muito solicitados em todas as partes do mundo, ambos faziam constar em seus contratos que só se apresentariam em determinado espetáculo se o adversário não fosse convidado.
Em 1987, apareceu para Carreras um inimigo muito mais implacável que seu rival Plácido Domingo, o surpreendeu um diagnóstico terrível: leucemia!
Sua luta contra o câncer foi muito sofrida, se submeteu a vários tratamentos além do auto-transplante da medula óssea e uma troca de sangue que o obrigava a viajar uma vez por mês aos Estados Unidos.
Nestas condições não podia trabalhar e apesar de ser dono de uma razoável fortuna, os altos custos das viagens e o tratamento debilitaram suas finanças.
Quando não teve mais condições financeiras, tomou conhecimento da existência de uma fundação em Madri, cuja finalidade única era apoiar o tratamento de leucêmicos.
Graças ao apoio da Fundação “Hermosa”, Carreras venceu a doença e voltou a cantar, recebeu novamente os altos cachês que merecia e tratou de se associar à fundação.
Ao ler os estatutos da entidade, descobriu que o fundador, maior colaborador e presidente da associação era Plácido Domingo.
Soube, então, que este criou a entidade, em princípio, para atendê-lo e que se manteve no anonimato para que não se sentisse humilhado por aceitar auxílio do seu “inimigo”.
O mais comovedor foi o encontro dos dois... Surpreendendo Plácido em uma de suas apresentações em Madri, Carreras interrompeu o evento e humildemente, ajoelhando-se aos seus pés, lhe pediu desculpas e lhe agradeceu publicamente.
Plácido o ajudou a levantar-se e com um forte abraço selaram o início de uma grande amizade.
Numa entrevista a Plácido Domingo, a jornalista lhe perguntava porque tinha criado a Fundação “Hermosa” num momento em que, ademais de beneficiar um inimigo, tinha ajudado o único artista que poderia fazer-lhe concorrência. Sua resposta foi curta e definitiva:
— Porque não se pode perder uma voz como esta...

Especial/La Revista
Edición 990, 10/Octubre/2008

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