domingo, 29 de novembro de 2009

VELHICE DESPROTEGIDA - Déa Januzzi


Você acha que vender, convencer a comprar ou pedir contribuições mensais indiferentemente da causa pode ser uma violência contra o idoso? Pois inúmeras pessoas com mais de 75 anos estão em perigo, nas mãos de alguns operadores que vendem tudo por telefone. Uma amiga me liga desesperada dizendo que a mãe, de 81 anos, que mora sozinha, ainda é muito lúcida, está bem, faz de tudo, mas que às vezes ela falha por causa da idade. Nesses momentos, ela passa o número do seu CPF e do cartão de crédito para qualquer um que a convença a comprar um produto. Minha amiga repete com a voz sumida uma frase de Simone de Beauvoir. “Nada deveria ser mais esperado e, no entanto, mais imprevisto do que a velhice.”

Muitos idosos que vivem com certo conforto em suas casas também são muito vulneráveis ao sofrimento de outras pessoas na mesma etapa de vida. Uma voz mais terna ao telefone, dizendo que idosos de um certo asilo estão passando fome, pode ser a senha para um bombordeio de contribuições mensais que não param mais.

Algumas instituições chegam a abocanhar uma boa fatia do salário dos mais velhos. Mesmo que os filhos, parentes ou cuidadores percebam a tempo que o idoso em questão foi passado para trás, não é possível desfazer o que está feito. “Eles alegam que minha mãe concordou e deu o CPF e o número do cartão de crédito”, protesta a minha amiga.

Desfazer esse nó é mais difícil do que se pensa. Ela apelou para advogados, entidades de proteção ao consumidor, das donas de casa, que não puderam fazer nada e a mãe, que nem sabe o que foi que comprou e porque, teve que engolir o produto goela abaixo.

Ao ser indagada se acha que esse tipo de venda é uma violência contra o idoso, Judy Robbe, que tem grupos de apoio à família de pacientes com Alzheimer, diz que sim. “São muitos os casos que chegam ao meu conhecimento. Muitos idosos estão bem no início da demência senil e ainda têm os próprios cartões de crédito, preservam habilidades como conversar e atender o telefone, mas estão sob cuidados médicos e da família. A simples saída da mulher para resolver um problema levou o marido a fazer a assinatura de nove revistas ao mesmo tempo.”

A mulher só foi perceber quando chegou o extrato do cartão de crédito com as nove assinaturas de revistas que ele nunca leu nem vai ler, pois está com perda de memória e deficiência cognitiva. Outra vez a via-sacra: nenhum órgão responsável conseguiu desfazer o que alguns vendedores são capazes de aprontar com os idosos. Ela teve de mandar desligar o telefone por alguns meses para que ninguém incomodasse seu marido num momento de vida em que ele está tão frágil, pois “é um gasto extraordinário, que pesa no orçamento”, diz.

Há muitas formas de violência contra o idoso, além dos maus-tratos, da negligência e do abandono. Minha própria mãe, aos 90 anos, recebeu em seu apartamento um vendedor de enciclopédias que conseguiu lhe vender uma coleção que nenhum de seus netos, com mais de 20 anos, poderia usar. Era uma enciclopédia para o ensino fundamental, que ficou guardada no fundo do armário por muito tempo. Fora as contribuições para asilos e entidades de caridade, que chegavam a mais de seis. Se não era por telefone, eles apelavam para a campainha do apartamento, que ela abria sem nenhum receio, pois não desconfiava de ninguém a certa altura da vida.

Além de abrir a porta para estranhos, de comprar o que não precisava, ela ainda oferecia café. Muitas vezes, cheguei a tempo de evitar, mas nem sempre há disponibilidade da família para com as pessoas mais velhas. Cheguei a tratar mal alguns vendedores que insistiam, mas eles não se intimidam com nada. Esperam o momento certo para agir e passar para trás senhoras que viveram em outro tempo e não estão preparadas para um mundo tão desajeitado.

No momento em que a medicina torna possível viver até os 100 anos é preciso lembrar que a sociedade brasileira não está amadurecendo no mesmo ritmo. Há uma cultura de tirar proveito, mesmo que ao abrir a porta surja uma senhora de bengalas, com os cabelos brancos, as pernas trôpegas. Mesmo que ao telefone a voz revele as marcas do tempo e os ouvidos cansados de tanto ouvir não filtrem mais os sinais de abuso. A essa altura, qualquer um que esteja disposto a ouvir o idoso será bem-vindo, porque há uma solidão incurável. Só quem é velho no Brasil pode contar.


Fonte: Jornal Estado de Minas - Déa Januzzi, em 29/11/2009

sábado, 28 de novembro de 2009

ME DIGAM ...

... existe algum ser humano normal, no mundo, que não goste de um All Star? Não para caminhadas, lógico.
Pois eu acho este tênis, atemporal.


Atende dos 0 aos 100 anos, homens, mulheres, crianças e bebês. Pessoas
legais e chatas, gordas e magras, altas e baixas, louras e morenas, com sotaque e sem sotaque, pobre e rico, com roupa social e casual, chique e hippie, com saias compridas e curtas.
Amoo mas...
... conheço quem não goste:


O MEU filho caçula, é de enlouquecer!!!

Ufa, precisava desabafar.
Também não gosta daquelas conguinas infantis maravilhosas com solado transparente e, nem de sandálias estilo franciscanas, tragam meus sais!!!

MADAME TEÓFILA - Théophile Gautier

Madame Teófila era uma gata avermelhada, de peito branco, nariz cor-de-rosa e olhos azuis, assim chamada porque vivia comigo numa perfeita intimidade, dormindo aos pés da minha cama, fazendo a sesta no encosto da minha poltrona enquanto eu escrevia, acompanhando-me ao jardim nos meus passeios, assistindo às minhas refeições e interceptando, muitas vezes, o bocado que eu ia levar à boca.


Uma vez, um dos meus amigos, afastando-se por alguns dias, confiou-me um papagaio, para que eu o guardasse enquanto durasse a sua ausência. O pássaro, sentindo-se deslocado, subira até o alto do poleiro, e circunvagava em torno, com ar desconfiado, aqueles olhos semelhantes a tachas de latão, encarquilhando as membranas brancas que lhe servem de pálpebras.

Madame Teófila nunca vira em toda a vida um papagaio; e esse animal, novo para ela, causava-lhe evidente surpresa. Imóvel, tão imóvel como um gato embalsamado do

Egito nas suas faixas, mirava o pássaro, reunindo com um ar de meditação profunda todos os conhecimentos de história natural que pudera colher nos seus passeios sobre o telhado, no quintal e no jardim.

A sombra de seus pensamentos passava-lhe pelas pupilas móveis, e nelas pude ler este resumo do seu exame: “Decididamente, é um pinto verde”.

Firme nesta conclusão, a gata saltou da mesa onde estabelecera o seu observatório, e foi agachar-se a um canto da sala, com o ventre por terra, os cotovelos para a frente, a cabeça baixa, o dorso estirado, como a pantera negra do quadro de Gérome, espreitando as gazelas que vão beber no lago.

O papagaio seguia os movimentos da gata com a inquietação febril; eriçava as penas, mexia com a corrente, passava o bico pelo bordo do vaso das comidas. Instintivamente, via ele na gata um inimigo, meditando e planejando alguma peça.

Quanto aos olhos da gata, fixos sobre o pássaro com uma intensidade fascinadora, diziam, numa linguagem que o papagaio muito bem compreendia: ”Não obstante ser verde, este pinto deve ser bom para comer!”

Eu seguia com interesse esta cena, pronto a intervir quando fosse preciso. Madame Teófila aproximou-se insensivelmente: as narinas róseas tremiam-lhe; e semicerrava os olhos, estendia e contraía as garras.

Calafrios corriam-lhe o dorso, como a um gastrônomo que caminha para uma mesa bem servida; deleitava-se com a idéia do repasto suculento e raro que ia fazer. Aquele manjar exótico aguçava-lhe o apetite.

De repente, seu dorso se encurvou como um arco retesado, e, de um salto, ela foi cair prestemente sobre a gaiola. O papagaio, vendo o perigo, com uma voz baixa, grave e profunda como a de um filósofo, gritou: “Já almoçaste, Jacquot?”

Esta frase causou um indizível terror à gata, que imediatamente saltou para trás. Uma fanfarra de clarins, um monte de pratos despedaçando-se, o estampido de uma espingarda nos ouvidos, não lhe teriam causado mais vertiginoso medo. Todas as suas idéias ornitológicas esboroavam-se.

— Quê? manjar do rei? — continuou o papagaio.
A fisionomia da gata exprimia claramente: “Não é um pinto, é um homem; ele fala!”

“Quando eu bebo um pouco mais, no botequim tudo dança”, cantou o pássaro com estrondos de voz ensurdecedores, como se houvesse compreendido que a sua palavra era o seu melhor meio de defesa. A gata lançou-lhe um olhar cheio de interrogações, e, não recebendo resposta satisfatória, foi estender-se na cama, de onde não saiu todo o resto do dia.

As pessoas que não têm o hábito de tratar com os animais pensarão talvez que estou emprestando intenções à ave e ao quadrúpede. Mas não fiz mais do que traduzir fielmente suas idéias em linguagem humana...

No dia seguinte, Madame Teófila, um pouco serenada, ensaiou um novo ataque e foi repelida pelo mesmo processo. Deu-se por satisfeita e aceitou o pássaro como homem.


Fonte: www.jaymecopstein.com.br

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

SOBRE VENENO



Um alerta para quem gosta de camarões...

VOCÊ PODE SE ENVENENAR ACIDENTALMENTE COM ARSÊNICO - Dessa forma, como medida de precaução, NÃO coma camarão quando ingerir Vitamina C - Leia com atenção!


"Em Taiwan, uma mulher morreu de repente com sinais de hemorragia em seus ouvidos, nariz, boca e olhos. Depois de uma autópsia preliminar, foi diagnosticado como “causa mortis” envenenamento por arsénico. Mas qual foi a origem do arsénico?
A polícia, então, iniciou uma profunda e extensa investigação. Um professor de medicina foi convidado para ajudar a resolver o caso.
O professor cuidadosamente examinou os restos existentes no estômago da vítima, e, em menos de meia hora, o mistério foi elucidado. O professor disse: “ O óbito não se deu por suicídio nem por assassinato, a vítima morreu acidentalmente por ignorância!
"Todos ficaram intrigados, por quê morte acidental? O arsénico ataca os militares americanos que transportam mudas de arroz H Gao. O professor disse: “ O arsénico foi produzido no estômago da vítima”. A vítima tomava Vitamina C todos os dias, que por si só não é nenhum problema. O problema é que ela comeu uma quantidade grande de camarão no jantar. Comer camarão não foi o problema, já que nada aconteceu à sua família que também comeu do mesmo camarão. Entretanto, na mesma ocasião, a vítima também tomou Vitamina C; é aí onde reside o problema.
Pesquisadores da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, descobriram através de experiências, que alimentos, como camarão “casca mole” contem alta concentração de compostos de 5-potassio-arsenico.
Tais alimentos frescos, por si só, não são tóxicos para o corpo humano! Entretanto, ao ingerir a Vitamina C, devido a uma reacção química, o inicialmente não-tóxico 5-potassio-arsenico (como anidrido também conhecido como óxido arsénico, As2 O5 ) se converte no tóxico 3-potassio-arsê nico (ADB anidrido arsénico), também conhecido como trióxido de arsénio (As2 O3), que é popularmente conhecido como arsénico !
O venenoso arsénico faz parte do magma e causa paralisia nos pequenos vasos sanguíneos, “mercapto Jimei”? Inibindo a actividade do fígado e produzindo a necrose da gordura ataca os lobos hepáticos, coração, rins, produz congestão intestinal, necrose das células epiteliais, telangiectasia. Portanto, quem morre envenenada pelo arsénico apresenta sangramento dos ouvidos, nariz, boca e olhos".

Publicada por Luis em 16:56


Fonte: cvssemprejovens.blogspot.com

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

IDOLATRIA - Sérgio Faraco




Eu olhava para a estrada e tinha a impressão de que jamais na vida chegaríamos a Nhuporã. Que pedaço brabo. O camaleão se esfregava no chassi e o pai praguejava:

- Caminho do diabo!

Nosso Chevrolet era um trinta e oito de carroceria verde-oliva e cabina da mesma cor, só um nadinha mais escura. No pára-choque havia uma frase sobre amor de mãe e em cima da cabina uma placa onde o pai anunciava que fazia carreto na cidade, fora dela e ele garantia, de boca, que até fora do estado, pois o Chevrolet não se acanhava nas estradas desse mundo de Deus.

Mas o caminho era do diabo, ele mesmo tinha dito. A pouco mais de légua de Nhuporã o caminhão derrapou, deu um solavanco e tombou de ré na valeta. O pai acelerou, a cabina estremeceu. Ouvíamos os estalos da lataria e o gemido das correntes no barro e na água, mas o caminhão não saiu do lugar. Ele deu um murro no guidom.

- Puta merda.

Quis abrir a porta, ela trancou no barranco.

- Abre a tua.

A minha também trancava e ele se arreliou:

- Como é, ô Moleza!

Empurrou-a com violência.

- Me traz aquelas pedras. E vê se arranca um feixe de alecrim, anda.

A japona me dava nos joelhos e ele riu de novo, mostrando os dentes. - Que bela figura.

A cara dele era tão boa e tão amiga que eu tinha uma vontade enorme de me atirar nos seus braços, de lhe dar um beijo. Mas receava que dissesse: como é, Moleza, tá ficando dengoso? Então agüentei firme ali no barro, com as abas da japona me batendo nas pernas, até que ele me chamou outra vez:

- Como é, vens ou não?

Aí eu fui.

Agachou-se junto às rodas e começou a fuçar, jogando grandes porções de barro para os lados. Mal ele tirava, novas porções vinham abaixo, afogando as rodas. Com a testa molhada, escavava sem parar, suspirando, praguejando, merda isso e merda aquilo, e de vez em quando, com raiva, mostrava o punho para o caminhão.

O pai era alto, forte, tinha o cabelo preto e o bigode espesso. Não era raro ele ficar mais de mês em viagem e nem assim a gente se esquecia da cara dele, por causa do nariz, chato como o de um lutador. Bastava lembrar o nariz e o resto se desenhava no pensamento.

- Vamos com essas pedras!

Por que falava assim comigo, tão danado? As pedras, eu as sentia dentro do peito, inamovíveis.

- Não posso, estão enterradas.

- Ah, Moleza.

Meteu as mãos na terra e as arrancou uma a uma. Carreguei-as até o caminhão, enquanto ele se embrenhava no capinzal para pegar o alecrim.

- Pai, pai, o caminhão tá afundando!

A cabeça dele apareceu entre as ervas.

- Não vê que é a água que tá subindo, ô pedaço de mula?

E riu. Ficava bonito quando ria, os dentes bem parelhos e branquinhos. - Tá com fome?

- Não.

- Vem cá.

Tirou do bolso uma fatia de pão.

- Toma.

- Não quero.

- Toma logo, anda.

- E tu?

- Eu o quê? Come isso.

Trinquei o pão endurecido. Estava bom e minha boca se encheu de saliva.

- Acho que não vamos conseguir nada por hoje. De manhãzinha passa a patrola do DAER, eles puxam a gente.

Atirou a erva longe e entrou na cabina.

- Ô Moleza, vamos tomar um chimarrão?

Fiz que sim. Ao me aproximar, ele me jogou sua japona.

- Veste isso, vai esfriar.

Fonte:
www.jaymecopstein.com.br

terça-feira, 24 de novembro de 2009

ALERTA SAMANTA




"Samanta Costa de Carvalho desapareceu no dia 03/04/2009 em Campo Grande, Zona Oeste do Rio de Janeiro, após sair de uma loja onde sempre costumava comprar copos plásticos para a mãe, que trabalha como ambulante no local. Samanta cumpria a mesma rotina diariamente, o que facilita muito o monitoramento e abordagem de crianças e adolescentes por parte de sequestradores. Samanta é mais um caso de menina desaparecida de forma enigmática no Rio de Janeiro. Com ela são 16 casos de meninas desaparecidas nesta condição que nossa instituição investiga. Divulgue o cartaz de Samanta em seu veículo de mídia, página na internet, página de relacionamento, blog, twitter e/ou imprima e o fixe em local de grande circulação de pessoas. A vida de Samanta pode depender dessa mobilização. E, se possível, pedimos que nos dê um retorno sobre a sua divulgação. Repasse essa mensagem".

Fonte: Projeto do Portal Kids / Mães do Brasil

Fonte:diganaoaerotizacaoinfantil.wordpress.com

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

IDENTIDADE Carlos Queiroz Telles


Cabelos molhados,
sol encharcado,
pele salgada,
vento nos olhos,
areia nos pés.

O corpo sem peso
é nuvem à-toa.
O tempo inexiste.
a vida é uma boa!

Mergulho na água
azul deste céu.
Sou peixe de ar.
Sou ave de mar.

Mergulho em mim mesmo,
silêncio profundo.
Sou eu e sou Deus
de passagen no mundo,
nadando sem rumo
entre conchas e paz.

Fonte:Sonhos, grilos e paixões. São Paulo: Moderna, 1990. p. 38

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

ENCONTRADOS




Os garotos Gustavo e Filipe foram localizados, ufa!

dan-poucodetudo.blogspot.com

MÁSCARAS - Gilberto Lazan



Cada vez que ponho uma máscara
para esconder minha realidade,
fingindo ser o que não sou...
faço-o para atrair o outro
e logo descubro que só atraio
a outros mascarados distanciando-me dos outros devido a um estorvo:
A máscara.

Faço-o para evitar que os outros vejam
minhas debilidades e logo descubro
que, ao não verem minha humanidade,
os outros não podem me querer
pelo que sou,
senão pela máscara.

Faço-o para preservar minhas amizades
e logo descubro que, quando
perco um amigo, por ter sido autêntico, realmente
não era meu amigo, e, sim,
da máscara.

Faço-o para evitar ofender alguém
e ser diplomático e logo descubro
que aquilo que mais ofende as pessoas,
das quais quero ser mais íntimo,
é a máscara.

Faço-o convencido de que
é o melhor que posso fazer para ser amado
e logo descubro o triste paradoxo:
o que mais desejo obter
com minhas máscaras é,
precisamente, o que não
consigo com elas.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

CANÇÃO DO VER - Manoel de Barros



Por viver muitos anos dentro do mato
Moda ave
O menino pegou um olhar de pássaro -
Contraiu visão fontana.
por forma que ele enxergava as coisas
Por igual
como os pássaros enxergam.
As coisas todas inominadas.
Água não era ainda a palavra água.
Pedra não era ainda a palavra pedra.

E tal.
As palavras eram livres de gramáticas e
podiam ficar em qualquer posição.
Por forma que o menino podia inaugurar.
Podia dar as pedras costumes de flor.
Podia dar ao canto formato de sol.
E, se quisesse caber em um abelha, era

só abrir a palavra abelha e entrar dentro
dela.
Como se fosse infância da língua.

A de muito que na Corruptela onde a gente
vivia
Não passava ninguém
Nem mascate muleiro
Nem anta batizada
Nem cachorro de bugre.
O dia demorava de uma lesma.
Até uma lacraia ondeante atravessava o dia
por primeiro do que o sol.
E essa lacraia ainda fazia uma estação de
recreio no circo das crianças
a fim de pular corda.
Lembrava a tartaruga de Creonte
que quando chegava na outra margem do rio
as águas já tinham até criado cabelo.
Por isso a gente pensava sempre que o dia
de hoje ainda era ontem.
A gente se acostumou de enxergar antigamentes.

Por forma que o dia era parado de poste.
Os homens passavam as horas sentados na
porta da Venda
de Seo Mané Quinhentos Réis
que tinha esse nome porque todas as coisas
que vendia
custavam o seu preço e mais quinhentos réis.
Seria qualquer coisa como a Caixa Dois dos
prefeitos.
O mato era atrás da Venda e servia também
para a gente desocupar.
Os cachorros não precisavam do mato para
desocupar
Nem as emas solteiras que despejavam correndo.
No arruado havia nove ranchos.
Araras cruzavam por cima dos ranchos
conversando em ararês.
Ninguém de nós sabia conversar em ararês.
Os maridos que não ficavam de prosa na porta
da Venda
Iam plantar mandioca
Ou fazer filhos nas patroas.
A vida era bem largada.
Todo mundo se ocupava da tarefa de ver o dia
atravessar.
Pois afinal as coisas não eram iguais às cousas?
Por tudo isso, na Corruptela parecia nada
acontecer.

Por forma que a nossa tarefa principal
era a de aumentar
o que não acontecia.
(Nós era um rebanho de guris.)
A gente era bem-dotado para aquele serviço
de aumentar o que não acontecia.
A gente operava a domicílio e pra fora.
E aquele colega que tinha ganho um olhar
de pássaro
Era o campeão de aumentar os desacontecimentos.
Uma tarde ele falou pra nós que enxergara um
lagarto espichado na areia
a beber um copo de sol.
Apareceu um homem que era adepto da razão
e disse:
Lagarto não bebe sol no copo!
Isso é uma estultícia.
Ele falou de sério.
Ficamos instruídos.

Com aquela sua maneira de sol entrar em casa
E com o seu olhar furado de nascentes
O menino podia ver até a cor das vogais -
Como o poeta Rimbaud viu.
Contou que viu a tarde latejar de andorinhas.
E viu a garça pousada na solidão de uma pedra.
E viu outro lagarto que lambia o lado azul do
silêncio.
Depois o menino achou na beira do rio uma pedra
canora.
Ele gostava de atrelar palavras de rebanhos
diferentes
Só para causar distúrbios no idioma.
Pedra canora causa!
E um passarinho que sonhava de ser ele também
causava.
Mas ele mesmo, o menino
Se ignorava como as pedras se ignoram.

Desde sempre parece que ele fora preposto a pássaro.
Mas não tinha preparatórios de uma árvore
Pra merecer no seu corpo ternuras de gorjeios.
Ninguém de nós, na verdade, tinha força de fonte.
Ninguém era início de nada.
A gente pintava nas pedras a voz.
E o que dava santidade às nossas palavras era
a canção do ver!
Trabalho nobre aliás mas sem explicação
Tal como costurar sem agulha e sem pano.
Na verdade na verdade
Os passarinhos que botavam primavera nas palavras.

A turma viu uma perna de formiga, desprezada,
dentro do mato. Era uma coisa para nós muito
importante. A perna se mexia ainda. Eu diria que
aquela perna, desprezada, e que ainda se mexia,
estava procurando a outra parte do seu corpo,
que deveria estar por perto. Acho que o resto da
formiga, naquela altura do sol, já estaria dentro
do formigueiro sendo velada. Ou talvez o resto
do corpo estaria a procurar aquela perna
desprezada. Ninguém viu o que foi que produziu
aquela desunião do corpo com a perna desprezada.
Algumas pessoas passavam por ali, naquele trato
de terra, e ninguém viu a perna desprezada. Todos
saímos a procurar o pedaço principal da formiga.
Porque pensando bem o resto da formiga era a
perna desprezada. Fomos à beira do rio mas só
encontramos pedaços de folhas verdes carregados
por novas formigas. Achamos a seguir que as novas
formigas que carregavam as folhas nos ombros, elas
estavam indo para assistir, no formigueiro, ao
velório da outra parte da formiga. Mas a gente
resolveu por antes tomar um banho de rio.

Fomos rever o poste.
O mesmo poste de quando a gente brincava de pique
e de esconder.
Agora ele estava tão verdinho!
O corpo recoberto de limo e borboletas.
Eu quis filmar o abandono do poste.
O seu estar parado.
O seu não ter voz.
O seu não ter sequer mãos para se pronunciar com
as mãos.
Penso que a natureza o adotara em árvore.
Porque eu bem cheguei de ouvir arrulos de passarinhos
que um dia teriam cantado entre as suas folhas.
Tentei transcrever para flauta a ternura dos arrulos.
Mas o mato era mudo.
Agora o poste se inclina para o chão - como alguém
que procurasse o chão para repouso.
Tivemos saudades de nós.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

MANOEL DE BARROS


Difícil fotografar o silêncio.
Entretanto tentei. Eu conto:
Madrugada, a minha aldeia estava morta. Não se via ou ouvia um barulho, ninguém passava entre as casas. Eu estava saindo de uma festa,.
Eram quase quatro da manhã. Ia o silêncio pela rua carregando um bêbado. Preparei minha máquina.
O silêncio era um carregador?
Estava carregando o bêbado.
Fotografei esse carregador.
Tive outras visões naquela madrugada. Preparei minha máquina de novo. Tinha um perfume de jasmim no beiral do sobrado. Fotografei o perfume. Vi uma lesma pregada na existência mais do que na pedra.
Fotografei a existência dela.
Vi ainda um azul-perdão no olho de um mendigo. Fotografei o perdão. Olhei uma paisagem velha a desabar sobre uma casa. Fotografei o sobre.
Foi difícil fotografar o sobre. Por fim eu enxerguei a nuvem de calça.
Representou pra mim que ela andava na aldeia de braços com maiakoviski – seu criador. Fotografei a nuvem de calça e o poeta. Ninguém outro poeta no mundo faria uma roupa
Mais justa para cobrir sua noiva.
A foto saiu legal.

PARA CRIAR PASSARINHO - Bartolomeu Campos de Queirós



"Para bem criar passarinho é conveniente amar as quedas
de cachoeiras, as águas evoluindo nos rios e barulhos
de chuva sobre as telhas, imitando grãos em peneira.
Isso se faz possível se houver liber dade para as buscas,
tempo para a solidão e saudades mansas de
outros lugares ainda por conhecer."



Maravilha este "filhote" do Bartolomeu. Os textos são líricos, saborosos, leves e felizes.
O livro é de um extremo bom gosto, colorido, belíssimo ilustrado primorosamente por Guto Lacaz.
Para crianças e adultos espertos, vale a pena conferir.



"Para bem criar passarinho há que
deixá-los soltos para escolherem
e esconderem os seus ninhos en-
tre árvores, varandas e telhados.
É bom reparar, sem ansiedade,
com distância, as suas pérolas
postas em conchas de gravetos
encarando o azul, debaixo de
árvores e sombras de renda."

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Ó SINO DA MINHA ALDEIA - Fernando Pessoa


Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.

E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho.
Soas-me na alma distante.

A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.

PEDIDO DE AJUDA



domingo, 15 de novembro de 2009
Filipe e Gustavo - Desaparecidos
Por favor ajude.

O Gustavo e o Filipe são irmãos, os dois estavam no lançamento do "Casa das Fadas", são meninos bons e inteligentes. O Gustavo fez algumas ilustrações para o livro.
É Necessário sua ajuda,
Abraços,
Dan

Essas duas crianças estão desaparecidas desde sábado à noite (dia 07/novembro). Seus nomes: Filipe (13 anos) e Gustavo (9 anos). Passem essa mensagem a todos que puderem. Por favor publiquem em seus blogs.


Post "copiado" e "colado" do blog: dan-poucodetudo.blogspot.com

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

EU, SENTAR AO LADO DE UM NEGRO?





Uma mulher branca, de aproximadamente 50 anos, chegou ao seu lugar na classe econômica...e viu que estava ao lado de um ...passageiro negro.
Visivelmente perturbada, chamou a comissária de bordo.
- Qual o problema, senhora?, pergunta uma comissária.
- Não está vendo? respondeu a senhora.
- Vocês me colocaram ao lado de um negro. Não posso ficar aqui. Você precisa me dar outra poltrona.
- Por favor, acalme-se, disse a aeromoça. Infelizmente, todos os lugares estão ocupados. Porém, vou ver se ainda temos alguma disponível'.
A comissária se afasta e volta... alguns minutos depois.
- Senhora, como eu disse, não há nenhum outro lugar livre na classe econômica. Falei com o comandante e ele confirmou que não temos mais nenhum lugar nem mesmo na classe econômica'.
E continuou:
- Temos apenas um lugar na primeira classe.
E antes que a mulher fizesse algum comentário, a comissária continua:
- Veja, é incomum que a nossa companhia permita à um passageiro da classe econômica se assentar na primeira classe. Porém, tendo em vista as circunstâncias, o comandante pensa que seria escandaloso obrigar um passageiro a viajar ao lado de uma pessoa tão desagradável .
E, dirigindo-se ao senhor negro, a comissária prosseguiu:
- Portanto, senhor, caso queira, por favor, pegue a sua bagagem de mão, pois reservamos para o senhor um lugar na primeira classe.
E todos os passageiros próximos, que, estupefatos, assistiam à cena, começaram a aplaudir, alguns de pé.



Se você é

contra o racismo,

envie

esta mensagem

aos seus amigos,

mas não a delete...

sem ter mandado

pelo menos

a uma pessoa.


O que me preocupa não é o grito dos maus,

é o silêncio dos bons.


FOLHA DE SÃO PAULO / março 2006

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

INVISÍVEIS MAS NÃO AUSENTES - Victor Hugo



Quando morreu, no século XIX, Victor Hugo arrastou nada menos que dois milhões de acompanhantes em seu cortejo fúnebre, em plena Paris.

Lutador das causas sociais, defensor dos oprimidos, divulgador do ensino e da educação. O genial literato deixou textos inéditos que, por sua vontade, somente foram publicados após a sua morte. Um deles fala exatamente do homem e da imortalidade e se traduz mais ou menos nas seguintes palavras:

“A morte não é o fim de tudo. Ela não é senão o fim de uma coisa e o começo de outra. Na morte o homem acaba, e a alma começa.”

Que digam esses que atravessam a hora fúnebre, a última alegria, a primeira do luto.Digam se não é verdade que ainda há ali alguém, e que não acabou tudo?

Eu sou uma alma. Bem sinto que o que darei ao túmulo não é o meu eu, o meu ser. O que constitui o meu eu, irá além.

O homem é um prisioneiro. O prisioneiro escala penosamente os muros da sua masmorra. Coloca o pé em todas as saliências e sobe até ao respiradouro.

Aí, olha, distingue ao longe a campina, Aspira o ar livre, vê a luz. Assim é o homem. O prisioneiro não duvida que encontrará a claridade do dia, a liberdade.

Como pode o homem duvidar se vai encontrar a eternidade à sua saída?

Por que não possuirá ele um corpo subtil, etéreo.

De que o nosso corpo humano não pode ser senão um esboço grosseiro?

A alma tem sede do absoluto e o absoluto não é deste mundo. É por demais pesado para esta terra. O mundo luminoso é o mundo invisível. O mundo do luminoso é o que não vemos. Os nossos olhos carnais só vêem a noite.

A morte é uma mudança de vestimenta. A alma, que estava vestida de sombra, vai ser vestida de luz. Na morte o homem fica sendo imortal. A vida é o poder que tem o corpo de manter a alma sobre a terra, pelo peso que faz nela.

Muitos consideram que o falecimento de uma pessoa amada é verdadeira desgraça, quando, em verdade, morrer não é finar-se nem consumir-se, mas libertar-se. Assim, diante dos que partiram na direcção da morte, assuma o compromisso de preparar-se para o reencontro com eles na vida espiritual.

Prossegue em sua jornada na Terra sem adiar as realizações superiores que lhe competem. Pois elas serão valiosas, quando você fizer a grande viagem, rumo à madrugada clarificadora da eternidade.

Que Deus nos ilumine hoje e sempre!

TUDO PASSA



"Certamente, você já deve ter passado por dias difíceis, onde os passos, antes ligeiros, se fazem contados, e onde o cenho pesado descreve as paisagens do coração.
Nesses dias, tem-se a impressão de que o ar se mostra pesado e cortante, que o céu é menos azul e que o riso e a espontaneidade desapareceram de nós mesmos.
São dias de desafios, que ocorrem com qualquer um de nós, nos oferecendo o aprendizado e o entendimento que a vida é escola a oferecer inúmeras lições.
Algumas vezes esses dias nascem das dificuldades financeiras, onde o dinheiro parece minguar, até mesmo para as contas mais básicas da manutenção da família.
Doutra feita, os dias sombrios surgem lentamente, no dia-a-dia da convivência familiar, seja no filho difícil, a nos exigir amor incondicional, ou no cônjuge exigente, a nos demandar paciência e compreensão.
Não raro, são as pequenas tarefas comezinhas, que vão, qual picadas de agulha, pouco a pouco, minando nossa disposição e esforço por bem conduzir a vida.
Conta-se que o Apóstolo da Caridade, Francisco Cândido Xavier, o nosso Chico Xavier, estava passando por uma fase muito dura em sua vida.
Os problemas familiares se avolumavam, a incompreensão alheia se mostrava intensa e isso tudo lhe enchia o coração de inquietações e dores.
Um dia, em que as dores se mostravam mais profundas, recorreu Chico Xavier ao seu mentor espiritual, Emmanuel, a fim de fazer-lhe uma solicitação.
Rogou Chico se Emmanuel poderia fazer um pedido, solicitar um conselho a Maria Santíssima, a mãe de Jesus, que, com seu coração amoroso e materno, pudesse lhe dar um conselho em momento tão amargo de sua vida.
Emmanuel lhe respondeu que iria encaminhar sua solicitação. Passados alguns dias, retorna o Espírito venerável com a resposta de Maria, mãe de Jesus.
Chico, diz Emmanuel, Maria manda lhe dizer o seguinte: “Tudo passa”. E o sábio médium acolhe aquelas palavras curtas entendendo o seu significado. Afinal, tudo passa.
Assim acontece conosco. As borrascas da vida são desafios para o desenvolver das virtudes. Elas nos exigem ora a paciência, ora a compreensão, tantas vezes nos convidam a cultivar a fé.
Todos esses desafios estão sob os olhos de Deus, que cuida de cada um de nós atentamente, sabendo quais as melhores lições para cada um de nós, Seus filhos.
No momento da dificuldade, quando as dores parecem intensas, quando as forças parecem se esvair, e quando temos a certeza que iremos sucumbir, há que se lembrar do conselho de Maria Santíssima: Tudo passa.
Dores e tormentos são lições para a alma que, ao bem conduzi-las, passa a compreender melhor as Leis de Deus, os desígnios da vida, amadurecendo seus valores.
Por mais intensos sejam os desafios de hoje, amanhã estes mesmos se transformarão em lembranças na mente e valores perenes no coração.

Redação do Momento Espírita.
Em 06.11.2009".


Fonte:
Post "copiado" e "colado" do blog: conscienciaevida.blogspot.com

terça-feira, 10 de novembro de 2009

LUAR - João Guimarães Rosa



De brejo em brejo,
os sapos avisam:
- A lua surgiu!...

No alto da noite as estrelinhas piscam,
puxando fios,
e dançam nos fios
cachos de poetas.

A lua madura
Rola,desprendida,
por entre os musgos
das nuvens brancas...
Quem a colheu,
quem a arrancou
do caule longo
da via-láctea?...

Desliza solta...

Se lhe estenderes
tuas mãos brancas,
ela cairá...


João Guimarães Rosa (Magma-Editora Nova Fronteira)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

CONSCIÊNCIA CÓSMICA - João Guimarães Rosa



Já não preciso de rir.
Os dedos longos do medo
largaram minha fronte.
E as vagas do sofrimento me arrastaram
para o centro do remoinho da grande força,
que agora flui, feroz, dentro e fora de mim...

Já não tenho medo de escalar os cimos
onde o ar limpo e fino pesa para fora,
e nem deixar escorrer a força dos meus músculos,
e deitar-me na lama, o pensamento opiado...

Deixo que o inevitável dance, ao meu redor,
a dança das espadas de todos os momentos.
e deveria rir , se me restasse o riso,
das tormentas que poupam as furnas da minha alma,
dos desastres que erraram o alvo do meu corpo...

João Guimarães Rosa, Consciência Cósmica, pg 146

sábado, 7 de novembro de 2009

A TODOS





a todos os meus amigos virtuais que compartilharam esperanças comigo neste difícil período de luta e a todos que aqui estiveram emanando energias para o nosso reequilíbrio físico e emocional.
Especialmente:

obrigada Paty - ecosdojapi.blogspot.com

obrigada Pri - priguti.blogspot.com

obrigada Bia - entreatoseentretantos.blogspot.com

obrigada Haroldo - panaceahg.blogspot.com

obrigada Evelize - evesalgado.blogspot.com

obrigada Estela - estela-guardadosachados.blogspot.com

obrigada Letícia - filhosadotivos.blogspot.com

obrigada Cris - cantodecontarcontos.blogspot.com

obrigada Patrícia - luzdenossasvidas.blogspot.com

obrigada Wlady - wlacastoli.blogspot.com

obrigada Dany - danydanielle.blogspot.com

obrigada Gaspar - gaspardejesus.blogspot.com

obrigada Tossan - klictossan.blogspot.com

obrigada Eduardo - eduardomiguelpardo.blogspot.com

obrigada Eni

obrigada Doug - animaaeternus.blogspot.com

obrigada Marcelo - marcelodalla.blogspot.com

obrigada Pedro - diariosemtabaco.blogspot.com

obrigada Ruby - meucantominhaprosa.blogspot.com

obrigada Andre - blogdomensageiro.blogspot.com

obrigada Jorge - www.pontoblogue.com

obrigada Ricardo - viverpuramagia.blogspot.com

obrigada Fátima - neehh.blogspot.com

obrigada Cacau - httpwwwcacaucapurrocombr.blogspot.com